10/04/2024

VI Simpósio de Produção Animal traz inovações tecnológicas para a eficiência na produtividade

Carol Thomaz de Aquino

O Brasil é o segundo maior produtor de carne do mundo, com um rebanho de cerca de 200 milhões de cabeças. O Paraná ocupa a décima primeira posição nessa produção, com um rebanho de aproximadamente 6 milhões de animais (SEAB / DERAL 2019). Atualmente, a pecuária conta com tecnologias que elevaram a produtividade no setor, tema abordado nesta quarta-feira (10) no VI Simpósio de Produção Animal realizado na ExpoLondrina. Em foco estavam as inovações tecnológicas e eficiência da produtividade.

Segundo o coordenador do evento, veterinário Flávio Lopes, as boas práticas iniciam com o manejo dos animais. “Como iremos tratar o animal no campo? Devemos acompanhar esse desenvolvimento desde o bezerro até o abate, o acabamento de carcaça desse animal e a qualidade da carne”, explica

Lopes diz ainda que a produção consciente, que visa a sustentabilidade, tem sido amplamente discutida. Uma das alternativas abordadas é a diminuição da área de expansão da pecuária, “diminui a área e aumenta a produtividade”, enfatiza. 

Quando falamos em tecnologias e inovações, o veterinário diz que houve um aumento significativo no uso de inseminação artificial, biotecnologia e o trabalho do embrião nas propriedades. “Essa evolução genética, esse ganho genético é muito grande. É claro que o país, como um todo, ainda não tem o uso dessas biotecnologias, mas quem tem utilizado tem ganho muito tempo nessa evolução dos animais e na qualidade também”, explica

 

MELHORAMENTO GENÉTICO

A Embrapa participa do Simpósio com a palestrante Ana Paula Souza, zootecnista, mestre em ciências animal e técnica do programa Embrapa Geneplus. Segundo ela, a aplicação do melhoramento genético nas propriedades depende do objetivo de cada produtor. ” A gente precisa montar um plano de trabalho, um plano de ação, para que inicie esse processo, precisamos coletar dados e quando a gente recebe os resultados da avaliação genética, nós precisamos entender o mercado para utilizar as ferramentas da melhor forma possível”. A zootecnista diz que a Embrapa atende o Brasil, países da América do Sul, Estados Unidos.

Com o fechamento da barreira sanitária, em 2019, devido à febre aftosa, o Paraná visou inovar na cadeia produtiva do gado. “A gente percebe que teve um aumento de produtores que procuraram melhoramento genético para aumentar a produtividade. Vimos que o estado vem sim ganhando espaço na parte da pecuária de corte”, ressalta. 

O médico veterinário, gerente regional de vendas da Genex, Fernando Oliveira, afirma que o Paraná está à frente quando falamos em inseminação artificial a nível nacional. O Brasil tem em torno de 10% de animais inseminados, já o Paraná tem cerca de 18%.  “O custo da inseminação é muito melhor do que ter um touro. A gente tem um custo em torno de 30% a menos na inseminação do que usando o próprio touro”, diz. 

 

Nelore

A raça Nelore representa 80% do rebanho brasileiro, é a base da pecuária nacional e coloca o Brasil como o maior exportador de carne do mundo. 

O veterinário e produtor de Nelore Sergio Felix Pessoa tem cerca de 7,5 mil matrizes e trabalha com inseminação artificial. Ele conta que começou na área veterinária e foi para a produção. “Começamos assessorando outros proprietários, trabalhando dentro do nosso grupo, assumimos a parte da Pecuária, melhorando os índices, utilizando a tecnologia”. Ele reforça que a pecuária não permite mais o “amadorismo”, que é um setor muito exigente e que é fundamental a utilização de biotecnologias repressivas. “O mercado dita as regras e nós conseguimos colocar o grupo dentro de uma pecuária competitiva”, ressalta. 

Já o pecuarista e veterinário de Bandeirantes, José Carlos Arevalo Junior, tem aproximadamente 300 matrizes e conta que iniciou a atividade há 15 anos em uma pequena propriedade familiar. “Hoje a gente não tem nem touro na fazenda, faz só ressincronização da IATF, faz diagnóstico de estação, sempre ali com 30 dias para tentar deixar a estação o menor possível, implantamos algumas forrageiras para ter alguma mudança no período do inverno, a proteína também sempre acaba entrando”, explica. 

O diretor de pecuária da Sociedade Rural do Paraná, Luigi Carrer Filho, ressalta que a rural tem uma tradição na grade técnica com o objetivo de levar conhecimento ao produtor rural, ao agricultor, ao pecuarista e diz também que o apoio a esses eventos é irrestrito. “Nós procuramos trazer aqui para dentro do parque os melhores profissionais para que esse conhecimento, essa tecnologia, seja aplicada no campo de uma maneira que possibilite ao produtor um aumento na sua rentabilidade”. 

O diretor conta também que a rural teve um papel fundamental na cadeia produtiva do Nelore no Paraná “Um fundador da Rural, o senhor Celso Garcia Cid, teve um papel fundamental nas importações na década de 60. Uma verdadeira epopeia que houve naquela época. Imagina as dificuldades daquela época?”. 

Essa história está, inclusive, sendo retratada durante a ExpoLondrina na Mostra Pecuária Bovina no Museu da SRP. Quem quiser pode conhecer mais dessa história visitando o museu, aberto das 9 às 22 horas.

Fotografia Roberto Custódio